POETIZOU 36 – TEMPESTADE
TEMPESTADE
• Autoria de Thaís Kafuri Santana, acadêmica do curso de Bacharelado em Direito da PUC Goiás e Membro da Liga Acadêmica de Acessibilidade ao Direito (LAAD).
Não chove mais em setembro, e sem chuva, não há ninguém que me avise que eu envelheci.
Se não chegasse no dia certo, ela vinha sem atraso. Jamais deixando passar mais do que uma semana para me acordar e me contar que o tempo diz boas-vindas no mesmo instante que me fala adeus.
Não possuo mais aquele instinto infantil que eu possuía aos meus dez anos, que encarava as gotas escorrendo no vidro e pensava se seriam anjinhos mortos.
Aquela criança nunca teria imaginado fazer parte de um ciclo de qualquer coisa que viesse do céu, sempre esteve presa no solo, ignorando a religião e desafiando qualquer um que tivesse a ousadia de tirá-la de lá.
Só que sempre com reverência pelo que vinha de cima.
É somente quando chove, quando eu tenho a companhia dos relâmpagos e dos trovões, que me sinto em casa.