RESENHA CRÍTICA: OS SETE MARIDOS DE EVELYN HUGO

RESENHA CRÍTICA: OS SETE MARIDOS DE EVELYN HUGO

Autoria de Geovana Ribeiro, acadêmica de Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) e Membro da Liga Acadêmica de Acessibilidade ao Direito (LAAD).

Os sete maridos de Evelyn Hugo, escrito pela autora norte-americana Taylor Jenkins Reid, foi publicado originalmente em 2017. A obra se metamorfoseia entre os gêneros de romance romântico, ficção histórica, romance psicológico e ficção doméstica. Baseada na edição traduzida da editora Paralelo, pode-se compreender a popularidade que a obra adquiriu entre os leitores. E em simplificação, resume-se ao fascínio humano pela própria humanidade em páginas.

Jenkins transcreveu em seu livro a complexidade do indivíduo ao conduzir a história de uma protagonista sem parâmetros heroicos ou vilanescos. Dessa forma, construída com marcos de ambos os modelos, mesclados e indissociáveis entre si, somos
induzidos irreparavelmente a nos apaixonar pela personagem. Utilizando-se desta artimanha a escritora aprisiona a atenção do leitor e faz com que sua leitura se torne entusiástica e frenética. Pois, constrói uma aproximação íntima de semelhança e representatividade entre as partes. Assim, mostra-se perceptível o embaraço que o leitor se encontra ao não concordar com muitas das atitudes da personagem, porém intuitivamente as compreender e possivelmente as apoiar, pois vê-se emocionalmente refletido nela. Afinal Evelyn Hugo é humana e os leitores também.

O livro inicia-se com a decisão da estrela de cinema, dos anos 60, Evelyn Hugo, de contar toda a sua história. Já em sua velhice, e, com intuito de deixar um livro sobre quem verdadeiramente foi, a célebre atriz contrata uma jornalista para escrever um livro sobre sua vida. Dada a conjectura é possível notar, que por isso, a obra possui uma estrutura metalinguística. Visto que a maioria dos relatos da atriz são as próprias páginas do livro que a personagem Monique Brent (jornalista escolhida por Hugo) escreveu sobre ela. Intercalado por alguns diálogos entre as duas e o desenvolvimento da personagem secundária (que se manifesta deveras intrigante) ante a história da protagonista.

Brent translada a história desta figura popular de acordo com a ordem cronológica de seus casamentos. E de fato, ela se casou sete vezes! Porém, apesar do interesse que o leitor adquiri pela participação dos demais personagens (maridos), mostra-se mais atraente durante a leitura descobrir quem foi, dentre todas as pessoas de sua vida, o seu verdadeiro amor. E é neste cenário que Hugo torna-se dicotômica em relação a seus amores e suas paixões. Porque, diante desse fato, agrava seu conflito interno de imagem. Fragmenta-se diversas vezes em uma mulher apaixonada e em uma idealização feminina social.

Ao decorrer do enredo é perceptível a constante presença do dilema da imagem. Evelyn experiência, de modo vitalício, o famigerado “Ser ou não ser?” de Hamlet. Porque, quem ela significa (é) para os outros lhe é imprescindível. Sua imagem importa! Destarte, a atriz passa a viver em função de mantê-la. Pela seguinte razão, sua imagem não é apenas a realização de seus sonhos, como a própria existência dela. O glamour não é uma casa própria, é uma casa alugada. Ou seja, é possível ter um teto, todavia se não pagar pelos preços mensais, é possível perdê-lo também. O glamour é caro.

Em síntese, as circunstâncias que a personagem se envolve relaciona-se diretamente com o questionamento: “Quando o meu sonho se tornou um pesadelo?”

Percebe-se este raciocínio na sequente afirmação feita a Brent: “Demorei anos para entender que a vida não se torna mais fácil só porque ficou mais glamorosa” (2017, p. 64).

Posto isso, é válido notar o domínio demonstrado pela autora na abrangência de sua trama. Dado que, em geral, o livro, além de apresentar personagens bem desenvolvidos, habilidosos em despertar as emoções do leitor. Também surpreende na abordagem te temas colaterais submetidos a seu contexto histórico. Tais, como: a figura da mulher em espaço pessoal, familiar, intelectual e profissional, bissexualidade e homossexualidade. Com exteriorização em relatos de: violência doméstica, assédio sexual, homofobia, sexualização infantil e demais temas tabuizados.

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