Naufrágio

• Autoria de Thaís Kafuri Santana, acadêmica do curso de Bacharelado em Direito da PUC Goiás e Membro da Liga Acadêmica de Acessibilidade ao Direito (LAAD).

Eu extrapolei a expectativa de vida que estipulei para mim.
Foi sem querer.
Deixei o tempo me carregar e cheguei em margens que jamais sonhei em explorar sozinha.
Flutuando nos segundos, eu cresci mais do que pretendia.
Naufraguei em praias estranhas com conchas esquisitas e uma areia que não me puxa para baixo.
Aqui, os piratas ainda conspiram entre si para roubar minhas riquezas.
Aquelas que enterrei e dividi com as ondas do mar.
Se viraram comida de peixe ou pepitas em um tesouro, elas nunca me contaram.
Acho que esperam que eu descubra sozinha, quando for mais velha e mais sábia do que sou hoje.
O que eu sei é que sempre que joguei minha âncora no oceano, ela boiou.
E as bolhas, quando estouram na superfície, sussurram no meu ouvido.
“Só mais um pouco”.