Pele preta, um fator de risco para Covid-19?
Ao longo dos anos, o critério racial definiu quem tinha moradia, educação e dinheiro no Brasil. Com a chegada do coronavírus a realidade esperada era a de que toda população passaria pela mesma situação em conjunto sem desigualdade social, mas a realidade apresentada é outra: ocorre à desproporção referente ao ensino publico, trabalho, saúde, saneamento básico e informação. Destaca-se então, que a maior porcentagem, classificando em cor de pele, sofrendo com os fatores descritos acima são as pessoas de pele preta.
Segundo a publicação da revista publica metrópole de São Paulo, cidade que apresenta a maior quantidade de indivíduos mortos em razão da Covid-19, os bairros onde a população preta está mais concentrada trazem a maior quantidade de óbitos pela doença, sendo o campeão em números de falecimento o bairro de Brasilândia.
Não somente nesta cidade, mas nas periferias de outros grandes centros urbanos, há, quase sempre, um maior aumento no número mortes de pessoas pretas em, talvez, em consequência de uma falta das políticas publica e medidas preventivas de acordo com a realidade social dessas pessoas, ou, quem sabe, em razão de uma ausência de interesse público.
A moradia é distribuída como cortiço, por isso o isolamento social, ou mesmo o distanciamento, seria impossível de se realizar de forma adequada. Outro fato a ser salientado é a superlotação em determinados bairros, e isso significa, poucos metros quadrados para cada pessoa.
Em uma triste análise constitucional, especialmente no artigo 6º que garante os direitos sociais, dentre eles de importante destaque há a saúde, a educação, a segurança e a moradia, podemos perceber que não são aplicados nessas realidades dos moradores dos cortiços modernos. Sendo ainda que a maior parte dessas pessoas foi impactada com o desemprego, morte e está sem acesso à educação, diferente da realidade de bairros considerados “mais brancos”.
Mediante esta análise, seria verdadeiro dizer que ser preto também pode ser considerado um fator de risco para a Covid-19 (e muitas outras doenças). Poder-se-á dizer que há uma forma de eugenia implícita e socialmente ignorada no Brasil.
COELHO, C. B. (2017). Melhorias habitacionais em favelas urbanizadas. Impasses e perspectivas. Dissertação de mestrado apresentada à FAUUSP, abril de 2017.
- Maria Eduarda Morais